Talvez o início do final do primeiro ciclo dos Xutos, numa exibição ao vivo num programa do Júlio Isidro no longíquo ano de 84, na RTP.
Aqui os Xutos eram algo que emergia a passos vistos, ainda sem o sucesso que viria em 1987, nesta altura enchiam concertos no Rock Rendez Vous com público oriundo dos mais variados locais da grande Lisboa e não só. O punk ainda fervia (e ferve)com a rodada de 1982/1984, apenas os Xutos resistem da chamada primeira rodada: 1978-1982.
1º tema: "1º De Agosto"
2º tema: "Gritos Mudos"
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
domingo, 29 de novembro de 2009
Santa Apolónia
Um dos imensos sítios que gosto em Lisboa é a estação de Santa Apolónia. P'ra mim contém uma identidade própria, de memórias únicas muitas vezes apagadas. Alguns pequenos pontos importantes da minha infância, e não só, passaram-se naquela estação. Associo-a sempre às férias de Verão, o sol quente matinal com o calor a formar uma espessa camada opaca no céu, o cheiro próprio do local, os comboios em rituais frenéticos de manobras. Os cafés, a última revista ou jornal comprado antes da viagem. Resumindo: Santa Apolónia é sinal de outros rumos, de outros locais, descobrir novos sítios, assim como novas estações, novos comboios, novos rituais frenéticos. O lado oriental de Lisboa inspira bastante calma, tanto fria como quente, dependendo da estação do ano. Podemos inclusive observar os extremamente infelizes contrastes sociais, daqueles que dormem ao relento. O Vazio nocturno e matinal com os primeiros bilhetes vendidos, a chegada dos comboios internacionais, nacionais ou até mesmo dos locais que cospem as pessoas para a cidade. Santa Apolónia tem aquele espírito ideal ao início e fim do dia. As luzes dos sinais, da estação, os faróis dos comboios que se cruzam por entre agulhas e cruzamentos.
Rotina
Novamente na rotina de mais um dia. Oiço alguém lá à frente a falar algo que entendo o que diz mas não é a minha língua. Um dialecto diferente do meu, em que falam e voltam a desaparecer. Agora o sol passa por entre os intervalos da cortina com o sol matinal vindo de Oriente sobre o Vale de Chelas, e a margem de um rio literalmente esquecido em que a neblina se ocupa de cobrir a água com luz baça de um sol com muito para dizer num dia de temperaturas baixas.
A escola está diferente, estas caixas metálicas fazem-me congelar, e por vezes recear a injusta razão que me levou para aqui. Sinto que o pouco que resta da "alma" da escola antes do Verão ainda se mantém a muito esforço, porque ainda existe pessoas que são oriundas de um outro "mundo", que também é o meu, e que estão aqui para concluir o que têm aprendido de bom noutro lado que não este.
Sujeitámo-nos a este encarceramento na esperança de poder regressar ao que realmente é nosso, e que mesmo que por pouco tempo, talvez ainda o seja por alguns meses.
Ainda se vê os mesmos sorrisos, a mesma alegria, mas invadida por uma melancolia de que alguns que dentro de um ano não irão ver tão depressa o "renascer".
A.A. 19/10/2009
A escola está diferente, estas caixas metálicas fazem-me congelar, e por vezes recear a injusta razão que me levou para aqui. Sinto que o pouco que resta da "alma" da escola antes do Verão ainda se mantém a muito esforço, porque ainda existe pessoas que são oriundas de um outro "mundo", que também é o meu, e que estão aqui para concluir o que têm aprendido de bom noutro lado que não este.
Sujeitámo-nos a este encarceramento na esperança de poder regressar ao que realmente é nosso, e que mesmo que por pouco tempo, talvez ainda o seja por alguns meses.
Ainda se vê os mesmos sorrisos, a mesma alegria, mas invadida por uma melancolia de que alguns que dentro de um ano não irão ver tão depressa o "renascer".
A.A. 19/10/2009
Da Lua em Zoom...
Da esquina da Lua em zoom vejo alguém de olhos da cor da terra: são azúis, verdes ou até mesmo castanhos.
Vejo-te da sua esquina ofuscado pela sua sombra, vagueias pela cidade em busca de algo, algo entre corredores e salas, fundos e mundos, mas também na maior das ruas, do asfalto húmido ou seco. Trepas as correntes adversas, mas desistes por vezes... sim, porque eu já te observei daqui.
Até de dia te vejo , mesmo estando a Lua do outro lado da Terra, aliás, é aí que eu te observo mais, que te sinto mais. Procuras fazer das coisas as ruas e as pedras que pisas com o negro dos teus ténis em contraste rua a rua.
Mas chega a noite e observo que o castanho não existe, tão pouco o azul, escapa o verde que fica escondido na obscuridade das tuas pálpebras sonolentas de mais um dia que teve desde cansaço e alegria até à angústia e prisão.
Saltas de forma invisível num concerto que te rebenta as artérias... ou talvez não, em que o som desse concerto não se percebe e em que também eu não te percebo, em que vagueias pela multidão e pelo submundo de um pavilhão qualquer, solitária e em desespero da raiva, da revolta e da tristeza que sentes, foges para a porta e desvaneces em silêncio perante os que te rodeiam, perante aqueles que te apoiam de dia e te desejam boa sorte à noite. Desde aí paraste como se o dia parasse, só acordaste depois sem eu saber, sem me aperceber porque a própria Lua por vezes não me deixa ver quando eu quero.
Por vezes cruzas a minha Lua mas desapareces numa porta deste universo que afinal não passa do meu ponto de vista egocêntrico em que só te vejo a ti por breves instantes com olhos carregados de negro depressivo e revoltante que se encaixam como um puzzle na tua personalidade.
Talvez seja um ponto de vista éfemero que se evapora quando eu quero e que regressa quando não quero, em que não posso pôr em causa a minha liberdade por uma submissão visual de doces linhas e recortes, que me aborrece como uma obrigação obrigada por mim próprio que ficou num ciclo vicioso que noto a partir desta Lua com a mesma ou semelhante função que as outras Luas.
Mais tarde ou mais cedo deixarei de te ver deste ponto de vista lamechas e quadrado, em que vives num universo de rotinas diárias de alguém da periferia de uma urbe que vive de dia e de noite. Descrevo a tua rotina da mesma maneira que te moves por entre a multidão, da mesma razão pela qual ainda te vejo ou te sinto cambalear no vazio, vazio esse que te enche a alma.
Agora que estou a deixar, que será de ti?
Esc. Sec. Artistica António Arroio, início de 2009
Vejo-te da sua esquina ofuscado pela sua sombra, vagueias pela cidade em busca de algo, algo entre corredores e salas, fundos e mundos, mas também na maior das ruas, do asfalto húmido ou seco. Trepas as correntes adversas, mas desistes por vezes... sim, porque eu já te observei daqui.
Até de dia te vejo , mesmo estando a Lua do outro lado da Terra, aliás, é aí que eu te observo mais, que te sinto mais. Procuras fazer das coisas as ruas e as pedras que pisas com o negro dos teus ténis em contraste rua a rua.
Mas chega a noite e observo que o castanho não existe, tão pouco o azul, escapa o verde que fica escondido na obscuridade das tuas pálpebras sonolentas de mais um dia que teve desde cansaço e alegria até à angústia e prisão.
Saltas de forma invisível num concerto que te rebenta as artérias... ou talvez não, em que o som desse concerto não se percebe e em que também eu não te percebo, em que vagueias pela multidão e pelo submundo de um pavilhão qualquer, solitária e em desespero da raiva, da revolta e da tristeza que sentes, foges para a porta e desvaneces em silêncio perante os que te rodeiam, perante aqueles que te apoiam de dia e te desejam boa sorte à noite. Desde aí paraste como se o dia parasse, só acordaste depois sem eu saber, sem me aperceber porque a própria Lua por vezes não me deixa ver quando eu quero.
Por vezes cruzas a minha Lua mas desapareces numa porta deste universo que afinal não passa do meu ponto de vista egocêntrico em que só te vejo a ti por breves instantes com olhos carregados de negro depressivo e revoltante que se encaixam como um puzzle na tua personalidade.
Talvez seja um ponto de vista éfemero que se evapora quando eu quero e que regressa quando não quero, em que não posso pôr em causa a minha liberdade por uma submissão visual de doces linhas e recortes, que me aborrece como uma obrigação obrigada por mim próprio que ficou num ciclo vicioso que noto a partir desta Lua com a mesma ou semelhante função que as outras Luas.
Mais tarde ou mais cedo deixarei de te ver deste ponto de vista lamechas e quadrado, em que vives num universo de rotinas diárias de alguém da periferia de uma urbe que vive de dia e de noite. Descrevo a tua rotina da mesma maneira que te moves por entre a multidão, da mesma razão pela qual ainda te vejo ou te sinto cambalear no vazio, vazio esse que te enche a alma.
Agora que estou a deixar, que será de ti?
Esc. Sec. Artistica António Arroio, início de 2009
Bem vindos
Bem vindos ao meu blog, aqui escreverei o que me apetecer, quando e como quiser. Tudo o que me rodeia, o que mais gosto e o que quero será motivo para escrever.
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